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☄ Mares

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Mensagem  Administrador Sáb 21 Jan 2012, 17:37

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:33

ATO NÚMERO 4


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Eram os últimos suspiros do dia, eu podia sentir! Os últimos raios de luz emergentes do sol de madeira. Eu girava o guidão daquele velho barco, decidido, navegando. Eu cumpria a promessa que fizera à minha amiga Anne: navegar ao lado dela rumo ao pôr do sol. Havíamos partido talvez algumas horas atrás, porque aqueles oceanos desconhecidos eram vastos e alcançar o sol exigia paciência. Os cantos dos meus lábios se curvavam um pouco, esse sorriso de satisfação que às vezes me vem. O mar era manso. Os ventos, fortes, estufando as velas e empurrando o barco adiante. Não era grande coisa, aquele barco velho, mas era muito aos meus olhos onde há muito não se via tal brilho de felicidade.

- Adiante! Que nossa história seja espalhada pelos sete mares, que os piratas nos temam! Somos as primeiras pessoas a cruzar os mares desconhecidos!


Última edição por Administrador em Sex 03 Fev 2012, 18:56, editado 1 vez(es)

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:34

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[ ~ ] Quieta, observava o sol aproximar-se mais e mais, uma expressão calma no rosto, quem sabe esboçando um leve sorriso por finalmente conseguir atingir seu sonho, mas nada que pudesse ser lido em seu rosto com muita facilidade. Afinal, ninguém nunca ousara desbravar a parte de lá da terra, se é que existia, e o desconhecido sempre fazia qualquer um tremer. Mas ela sempre tentava afastar o medo, e era nisso que estava concentrada, não se preocupando em esboçar muita felicidade no momento. [ ~ ]

[ ~ ] O vento batia forte contra seu rosto e fazia seus cabelos voarem para trás, estando ela na ponta da frente do barco, quase como aquelas gárgulas que alguns piratas levavam mais à frente. Aquilo, aquela sensação de liberdade arrancou-lhe, definitivamente, um sorriso do rosto. [ ~ ]

[ ~ ] Era incrível imaginar o quão fácil fora surrupiar aquele barco... [ ~ ]

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:37

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Impossível para mim, era deixar de espiar Anne, a garota equilibrada na ponta da proa, enquanto eu tinha minhas mãos fixas no timão. Trajava no meu corpo um sobretudo azul marinho abotoado e minhas calças velhas remendadas por minhas terríveis artimanhas de costura. Diriam que eu parecia uma garota com meus cabelos dançando ao vento, mas eu estava longe da terra para escutá-los. Era minha coragem que despertara, para me guiar através das ondas calmas.

- Que destino Moros nos deu, Anne? Destino, uma farsa...

Eu blasfemei em voz alta, e rouca. Girei o timão mais uma vez, decidido, com o peso do meu corpo por pouco não sendo arrastado com a peça de madeira. Mas meu orgulho não permitia eu perder total equilíbrio, não queria parecer um idiota perante à minha amiga. Meus olhos verdes refletiam algo... Uma agitação no mar, que aos poucos chacoalhava o barco. Eu ia chamar por Anne, mas de súbito uma onda arrebentou contra o casco e nos chacoalhou. As nuvens de algodão eram negras... Estávamos na origem de uma tempestade.

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:38

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[ ~ ] De repente, notara o chacoalhar repentino das ondas do mar, algo mais forte, que chamou-lhe a atenção de súbito. Ficou a observar por mais um tempo, então virou-se pretendendo sair daquela ponta tão extrema, entendendo que era melhor voltar para o barco. [ ~ ]

[ ~ ] Estavam chegando. Estavam chegando no desconhecido. [ ~ ]

[ ! ] Eu não acredito...

[ ~ ] Não conseguiu terminar a frase; uma forte onda bateu contra o casco e jogou-a para a frente, quase perdendo o equilíbrio, mas se agarrando com força ao barco. Naturalmente, ela soltou um grito de surpresa, mas fora surpresa e nada mais que isso. Logo após, aproveitando que mais nenhuma onda nervosa estava à vista, pulou de volta para dentro do barco, a salvo. Não disse mais nada, apenas olhou o companheiro com olhos arregalados. [ ~ ]

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:40

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Um alívio apagou a chama do medo que queimava em meu peito, incômoda, quando vi que Anne se safara do pior. Minhas mãos estavam mais rígidas sobre o timão. Eu não temia o perigo, eu queria encará-lo com meus olhos sombreados por olheiras amargas de uma vida triste, de desgostos, em um porto. Olhei para Anne, ela me arregalava os olhos. Eu não sabia se, por medo da tempestade que estava por vir ou devido minhas palavras. Estaria eu tão errado ao me rebelar contra a crença em destino?

- Que há, Anne? Não gosta do que eu digo? Não há mal nisso. Confie. Não há destino cruel ao nosso aguardo. Possuímos a escolha, nós escreveremos o destino!

Entusiasta, talvez. Eu parecia sorrir. Parecia que minha descrença me tomava por completo, contaminava meu coração, me fazia alguém perigoso e sujo. Eu me deliciava nisso, pois tinha o gosto da liberdade. Voltei meus olhos para o que viria a seguir. Eu tinha apenas quinze anos, que eu poderia fazer contra uma tempestade? Os céus de pano trovoaram, raivosos. Uma chuva começou. As ondas se elevavam contra o barco e tentavam invadir o convés. O pôr do sol ainda estava lá, mas as nuvens não permitiam que eu o visse. Estaríamos perto, ou ainda distantes? O barco ameaçou virar, e eu agarrei o timão. As águas invadiam, o mar ameaçava-nos, com uma ferocidade súbita que eu jamais imaginaria.

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:41

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[ ! ] Não... Eu ia dizer que não acreditava em destino... [ ~ ]

[ ~ ] Viu um raio rasgar o horizonte. Horizonte este em que, agora percebera, não via mais o sol. A água invadia o barco, tornava difícil a locomoção e, principalmente, o manejo do leme totalmente encharcado pela chuva. Via como Aloysius se esforçava apenar para não cair enquanto virava a direção e logo levantou-se enquanto podia, andando com cuidado até ele. [ ~ ]

[ ! ] Me dê o leme, eu assumo! [ ~ ]

[ ~ ] Não esperou resposta, e com certo cuidado tomou a direção de suas mãos e empurrou-o um pouco para o lado. Não se julgava mais experiente que ele, afinal, ambos nunca haviam manejado um barco antes, mas era mais alta e quem sabe pudesse movimentá-lo melhor assim. [ ~ ]

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:46

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Não pude recusar. Mal tive tempo, ela assumira o controle. Agarrei na mureta ao lado, parte das três que cercavam o timão, um mero detalhe decorativo que criava a ideia de pequena cabine para o capitão. Uma onda se elevou ao longe, à direita do barco. Eu a vi, mas não pude expressar o quão preocupado estava. Fiquei paralisado, a observar aquela monstruosidade vindo na nossa direção. As águas engoliram o barco por certo instante. Eu me vi de cabelos molhados e fios colados à minha face pálida. Fui espiar Anne por cima do ombro. Outras ondas vinham, arrastando as águas consigo em um som áspero junto à sinfonia caótica da tempestade. Um relâmpago atingiu a polpa do barco, o fogo não se alastrou devido à água de mais uma violenta onda. Eu imaginei o quão terrível e estúpido seria morrer ali. Fechei os olhos e continuei agarrado à mureta, o quão eu podia. E de repente as nuvens tornavam-se alaranjadas sob efeito do fim do pôr do sol. A tempestade partia. Quando abri os olhos, uma luz forte irradiava adiante. Mas que seria isso? Fui espiar, confuso tamanho o brilho. Uma roda de madeira, de dimensões indescritíveis por um mero garoto feio eu, mergulhava no mar, lenta. Suas pontas, abas representando os raios de sol, giravam em sentido horário. No centro, eu vi incontáveis velas incrustadas na madeira. Velas cuja cera parecia não terminar, nunca. Estava preso no céu de pano, que mergulhava e levava consigo os elementos do dia, as nuvens. Era o sol. Posto de frente a nós. A tempestade nos soprara para o sol. Uma gota de suor escorreu, sob o calor das milhões de velas.

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:47

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[ ~ ] Peaticamente chegou a fechar os olhos no meio de tudo aquilo, o coração batendo forte, bombeando adrenalina e medo em suas artérias, porém mal tinha tempo de saber o que sentia. Primeiro porque, no meio da tempestade, estava ocupada demais segurando o timão, e segundo porque, quando percebeu, tudo havia passado. [ ~ ]

[ ~ ] Sentiu calor, de súbito, e olhou para a frente, sendo obrigada a cerrar os olhos com a claridade. Via uma bola, e apenas uma bola, com algo que girava em torno desta. Estava fixa, ao que parecia, e com algumas velas ao redor, perto das coisas que giravam. E era amarelo. E quente. E claro. Abriu a boca para falar algo, mas a voz não saía. Parecia ter medo de falar qualquer coisa perto daquilo que parecia ser o sol. [ ~ ]

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:50

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A bola de madeira cheia de velas, o sol, mergulhou conforme nos aproximamos. Tamanho era o calor que eu temia ficar exposto àquilo. Estávamos no limite dos oceanos, o pano do céu movimentava-se e nuvens de algodão laranja rodeavam o sol, e mergulhavam junto. Eu podia ver, nitidamente, os fios prateados que suspendiam aquelas nuvens. Queria poder ver uma estrela de perto, mas a noite provavelmente estava vindo às nossas costas, cobrindo a porção de terra do reino. O barco não parara. Eu olhei para Anne, com um ar de dúvida no olhar, suplicando por uma solução. Se nos chocássemos contra o sol que se demorava ali, ou o pano do céu, que seria de nós? Minhas vestes e cabelo estavam secos. As milhões de chamas haviam me prestado tal favor. Coloquei a mão perto dos olhos, para sombreá-los, pois minha vista ardia. Água era deslocada contra nós conforme o sol mergulhava, mas o barco elevava-se junto às porções de água. A última coisa que pude ver, do sol, fora uma de suas abas de madeira com detalhes em dourado. Mergulhou e sumiu. As nuvens de algodão se encharcavam e sumiam também. Nos aproximamos do céu, eu poderia estender minha mão e tocar o pano azul escuro, do que seria o início da noite. Mas não o fiz, temendo. A ponta do barco rasgou um pedaço do pano bruscamente. Uma rachadura suficiente para a passagem do barco se abrira. Mas não havia mais mar do outro lado do pano, pois o barco arrastava-se sobre algo duro e áspero que o fez chacoalhar. Eu por pouco não perdi o equilíbrio. O barco inteiro atravessou para fora do pano. Meu coração disparava. Eu temia o que eu via. Era uma visão inusitada. Tudo era branco. Havia rascunhos de casas, torres, ruas, incompletas. Como se estivéssemos dentro de uma folha de rascunhos. Às nossas costas, uma rachadura no branco, pela qual víamos o mar.

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:54

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[ ~ ] À medida que o sol ia se ponto, conseguia abrir melhor os olhos, olhar em volta e ver o que havia. E o que havia era um pano que mudava de cor, o céu que já conhecia. Mas o barco não estava parando, como ela percebera junto do companheiro. E achou seu olhar assustado, quase desesperado, procurando apoio. [ ~ ]

[ ~ ] Bufou, lançando-lhe um olhar de desaprovação. A tempestade já havia ido embora, agora o que havia a temer? Mas, não podia negar, novamente sentiu o coração disparar quando ouviu o som do rasgo, mas esta sensação novamente se foi quando viu que passaram ilesos. Ao ver toda a paisagem, simplismente arregalou os olhos, novamente abriu a boca, sem saber direito o que pensar daquilo tudo. [ ~ ]

[ ~ ] Correu para um dos corrimãos do barco, olhando para baixo, confusa. Passou uma perna para o outro lado, ficando assim sentada na tira de madeira. Oscilava entre pisar naquele chão branco - se é que era chão - e ficar... [ ~ ]

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:56

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Eu estava distraído, comprimindo o olhar em busca de cores. Rascunhos sem vida, sem cor. Como um mundo esquecido por Lyrienso, um canto isolado e desconhecido, além dos céus do nosso mundo. Segui Anne com o olhar e fui logo atrás dela, preocupado. Ela oscilou quando ia saltar para fora do convés. Eu me debrucei sobre a mureta e observei o branco sob nós. O mesmo branco do horizonte e do que estava acima de nós, pois eu sabia, não poderia ser o céu. Saltei para fora, sem mais temer. Caí de pé sobre o solo branco, e o som do choque das minhas botas contra o chão ecoou no vazio do lugar. Um silêncio repugnante, assustador, pairava. Eu pensava escutar vozes ou rabiscos. Talvez só pensasse. Olhei para Anne, eu não estava sozinho e tinha de estar ciente disso. Eu teria de ter Anne por perto. Segui, a passos lentos que ecoavam, até o que deveria ser a parede do rascunho de uma torre. Passei a mão sobre a parede, ela estava ali e eu podia sentir, mas era branca, com algumas linhas pretas representando as fendas entre um tijolo e outro. Os traços negros, feitos a lápis, causavam arrepios quando eu arranhava-os com as unhas.

- Anne! Que seria... Esse... Isso?

Virei-me para trás, para observá-la, não perdê-la de vista. O barco, eu, ela, éramos as únicas coisas que possuíam cores. Que seria se não houvesse cores para contemplar? O preto e branco era tão depressivo...

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:58

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[ ~ ] Seguiu-o, já explorando todo o local. Conseguia tocar em tudo e ouvir os próprios passos, ecoando como nunca antes havia ouvido. Não sabia o que havia para explorar ali e logo ver tudo aquilo sem saber o motivo de estar ali, sem cor, daquele jeito, pareceu-lhe chato. Queria ir além, ver o que havia mais para o fundo. Afinal, isso era o que havia além do mundo que conheciam, então poderia haver mais coisa para lá... Não? [ ~ ]

[ ~ ] E se afundou em tais pensamentos, parada, vez ou outra franzindo a testa, enquanto a voz de Aloysius se afastava e ela, inconscientemente, o ignorava. [ ~ ]

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 11:59

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Dei alguns passos, perdido, erguendo a cabeça para contemplar torres ou peças voadoras, em rascunho. Algumas engrenagens pairavam, paradas, inertes. Estava tudo morto. Os rascunhos prolongavam-se sem fim, para todos os lados do infinito branco. Eu sempre me certificava de estar próximo do barco e da fenda para Lyrienso. Não gostaria de terminar preso em tal lugar. Fui para o lado de Anne e esperei. Não sabia pelo que eu esperava, mas esperava por alguma vida. Esperava algo saltando para fora do branco, esperava algo em cores, uma pessoa talvez, um habitante do fim do mundo. Não havia nada. O absoluto, assustador, opressor, nada. O meu coração disparava em desespero. Que significava? Que era Lyrienso? Era isso o que temiam? Os piratas do mar haviam descoberto esse local e espalharam falsas notícias sobre perigo? Sobre mares perigosos, desconhecidos? Não poderia ser, eu me recusava a crer... Cerrei os punhos e franzi o cenho, frustrado com tal monotonia. Abaixei a cabeça. Meus pés pareciam estar flutuando sobre um abismo branco. Eu levantei os olhos na esperança de ver algo mais. E vi. A tinta dos traços escorriam, como lágrimas. Os rascunhos desmoronavam e se transformavam em tinta. Tudo passou a desmoronar. A tinta se aglomerava, incessante, e tocava meu tornozelo. A tinta formaria, um mar? Fui recuando aos poucos, meus pés se arrastando na tinta, tornando meus passos lentos. Peguei a mão de Anne. Teríamos de fugir.

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:01

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[ ~ ] De repente, sentiu os tornozelos se encharcarem, olhou para baixo e não enxergou mais os pés; estavam imersos na tinta negra. [ ~ ]

[ ! ] Corra, Aloysius! Corra!

[ ~ ] Ela gritava para encorajá-lo enquanto era puxada pelo mesmo, logo tirando as pernas daquilo tudo e levantando para cima para correr melhor, o que espirrava tinta para todo o lado e sujava-a por completo, mas também ajudava a correr mais rápido. [ ~ ]

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:03

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Eu corria, para o barco, puxando comigo Anne. Engrenagens choviam do infinito branco e mergulhavam no volume de tinta que se elevava rápido. Tinta espirrava no meu rosto, nas minhas roupas. O barco estava a poucos passos, bastavam correr contra a tinta grossa! Meus joelhos já estavam sob o negro manto que parecia de piche. Alcancei a corda pendurada na borda do convés. Escalei-a, rápido, para que Anne pudesse vir logo em seguida. No convés, notei o quão inútil seria manobrar o barco àquela altura. Não havia tempo para tal coisa. Corri até a outra borda do convés, onde estava pendurada um pequeno barco de emergência, uma canoa, coberta por um pano mostarda. Retirei o pano às pressas.

- Embarque! Então eu o solto quando você estiver dentro e mergulho na tinta, para empurrar até a fenda!

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:04

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[ ~ ] No barco, já ofegante, ia protestar, mas percebeu que iria derperdiçar tempo com aquilo e pulou logo no barco, olhando para cima, para o garoto, depois para o mar de tinta, e para as engrenagens que desabavam e caíam em todos os lados, principalmente nos fluídos negros, espirrando aquilo por todo o lado. [ ~ ]

[ ! ] Então vá logo, o nível disso tudo está subindo!

[ ~ ] De fato, logo aquele riu de tinta levantaria o barco e o mandaria desgovernado pelas correntezas que se formavam, quem sabe direto para a morte. [ ~ ]

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:05

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Soltei o pequeno barco de emergência de suas cordas, com Anne já embarcada. Vi o barco se chocar contra o fluído de tinta e espirrá-la para os lados. Pisei sobre a mureta e saltei para o interior daquilo. Não era como mergulhar nas águas límpidas do mar. A tinta era grossa, não permitia que eu me locomovesse com facilidade. Eu fazia movimentos arrastados contra aquela crosta negra, pesada, e empurrava a pequena embarcação, que eu via como uma mera canoa, na direção da fenda. O nível subia. O barco ao nosso lado afundava na tinta. Caso o nível subisse acima da fenda, seria impossível escapar dali. Me esforcei. Minha cabeça estava submersa, meus cabelos estavam tingidos de preto. O odor da tinta provocava-me náuseas, e eu tinha certeza de ter engolido um tanto daquilo. Eu não suportava... Mas deveria. Aquele inferno era consequência da minha promessa. Tomei forças e continuei. Atravessamos a fenda e a canoa saltou para o mar. A tinta não ultrapassava a fenda. Caí na água gélida, oceânica, que eu tanto contemplara, anos e anos... Eu segurava na canoa, ainda, mas estava quase inconsciente. Com esforço, me arrastei para dentro da embarcação e me sentei, com frio, com medo, sujo, desesperado, confuso, olhando para Anne com os olhos de quem viu a morte.

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:06

☄ Mares 3

[ ~ ] Remava com os braços, como podia, para fora dali, ajudando-o e, mais tarde, assumindo sua tarefa em conduzir o barco nas águas leves. Ofegava, era verdade, mas aquilo não era mais aquela tinta grossa de antes. Aquilo era água, e apenas água. Leve. Límpida. Incolor. [ ~ ]

[ ~ ] De tempos em tempos, olhava para trás para ver se o garoto não desmaiava. Não poderia dar-lhe assistência naquele momento. Precisava chegar em terra firme. E colorida, de preferência. [ ~ ]

[ ! ] Chega de brincar de explorador por um tempo...

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:07

☄ Mares Lamb%252520by%252520darkshadeness

As estrelas estavam lá, no céu, penduradas por fios prateados no pano celeste. Mas eu queria estar longe do céu. Longe do que havia além dele. Era terrível, indescritível. Anne me dizia para descansar. Mas como poderia eu fechar os olhos após ter visto tal coisa? Como ela poderia fechar os olhos e esquecer? Encolhi meus joelhos e os abracei, encostando o queixo neles e contemplando Anne. Diante da morte, eu via como ela era uma menina bonita e de coração bom, embora quieta. É diante da morte que se percebe tais coisas bonitas da vida. Eu via.

- Como posso? Queria eu saber... Que era aquilo... As pessoas têm de saber. - Levei a mão à boca e tossi. - Elas têm de saber.


FIM


Última edição por Administrador em Sex 03 Fev 2012, 19:17, editado 1 vez(es)

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:09

ATO NÚMERO 19


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[ ! ] Quem sabe. Mas não agora. Nem depois. Podemos dar um tempo, afinal, ninguém sabe disso ainda, não vai fazer diferença para ninguém e não vamos morrer amanhã.

[ ~ ] Continuou remando, uma voz autoritária. Não, não queria esquecer aquilo. Queria simplismente que Aloysius estivesse recuperado o bastante para começar a planejar como falar, porque duas crianças simplismente não conseguiriam convencer um bando de gente. [ ~ ]

[ ~ ] De súbido, pensou novamente naquele local rabiscado, uma vontade louca de voltar e explorar aquilo tudo novamente. Mas, claro, se conteve. [ ~ ]


Última edição por Administrador em Sex 03 Fev 2012, 19:19, editado 2 vez(es)

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:16

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Lampejos luminosos vagam por sobre a superfície clara dessas águas. Como fragmentos de vidro lançados ao mar.

Sob o sol, que queima lá em cima, de fogo proveniente de seu milhar de velas. Sob esse sol, vem uma canoa. Largada à esmo. Carregada à mercê das marés. Dos ventos. Um garoto adormece lá dentro. Sonha com lampejos de outros mundos. Na sua mente estranha, de quem vê mais do que deveria com seus olhos grandes. Esses olhos estão fechados. Suas pálpebras são pálidas feito o resto de seu corpo. Posto de qualquer jeito no interior da pequena canoa, Midas adormece sob o sol. Padece aos poucos.

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:17

☄ Mares 3

[ ~ ] As ondas batiam mansas contra o casco do barco, um barco relativamente novo ou, pelo menos, restaurado recentemente. Apenas algumas marcas da agressão dos mares ainda jaziam em algumas partes do casco da navegação, nada que realmente exprimisse fraqueza; longe disso, sua estrutura claramente repsesentava algo quase temível, sua tripulação contribuindo para esta imagem. Eram todos homens corpulentos e ativos, entre eles também algumas mulheres que nem de longe pareciam submissas. Na cabine de capitão, o contraste de uma menina aparentemente frágil, distinguindo-se apenas pela determinação em seus olhos verdes. [ ~ ]

[ ~ ] Ao longe, chamas anunciavam um navio naufragado. [ ~ ]

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Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:18

☄ Mares Boy%2525202

Vermelho ousado manchando a inocência do azul celeste. As chamas altas, ao longe.

Uma navegação maior se movimentando. Dividindo as pacíficas águas. Fazia um rastro de pequenas ondas, que balançavam a canoa cada vez mais próxima. O garoto rolou para o lado, sem despertar ao certo. Midas, confundia a realidade ao sonho. Difundia. O chacoalhar seria de uma maré sonhadora. Nunca do mar. Era esse o mundo sob aquelas mechas douradas do seu cabelo. Sob a sombra da embarcação pirata, o seu corpo tremia de frio. O ouro do sol lhe fora arrancado. Sua beleza andrógina só brilhava sob o sol. Sob as sombras, Midas tinha seu sonho perturbado, mas ainda sonhava.

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☄ Mares Empty Anne

Mensagem  Administrador Dom 22 Jan 2012, 12:19

☄ Mares 3

[ ~ ] O barco passava pelos destroços como quem não queria nada; Anne ignorava sua existência, certa de que não havia salvação para nenhum dos tripulantes infelizes, nem que estivessem vivos. Mas não acreditava que estivessem. [ ~ ]

[ ~ ] Um dos marinheiros apoiou-se para olhar a cena do desastre ao lado do barco, pousou os olhos nas madeiras que flutuavam. Ficou alguns minutos olhando um garoto que parecia morto ali, à deriva. Confundia-lhe sua aparência de cadáver e seu peito que subia e descia. [ ~ ]

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