☄ Nebista

**Administrador** Ter 24 Jan 2012, 17:16

ATO NÚMERO 30

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Ele tem devorado os livros da maior biblioteca do reino , em Nebista. O vi subindo a escadaria que corta os jardins antecedentes à construção. É uma construção retangular, extensa, de apenas um andar. Uma abóbada de vidro no absoluto centro de um teto plano. A biblioteca está posta em um ponto elevado da cidade flutuante. Eu vejo como um pedestal de mármore, cercado pelas demais construções de pedra. Construções de simetrias exatas, espalhadas em diferentes níveis. Escadarias e passarelas interligam os diversos pontos dessa metrópole dos céus! Vings cruzam, lentos, os largos corredores por entre os "muros" de construções.

Oh, mas eu estava a falar de Olivier e de sua visita à biblioteca! Pois bem, o garoto de cabelos castanhos correu escadaria acima, por entre o jardim e as estátuas de filósofos esculpidos em gesso. Amplas janelas permitiam aos últimos raios de sol, iluminar as páginas que ele folheava com violência. Sentado em uma poltrona ao fim de um largo corredor de estantes.

McLachklein Ter 24 Jan 2012, 17:55

Podemos dizer que o rapazinho caíra naquele lugar praticamente de pára quedas. Mexia tímido no manto, as pontas dos dedinhos adormecidas de frio. Tomou tempo até que ele decidisse subir pela passarela - tinha medo que aquilo levasse para algum lugar proibido.
Seu nome parecia ser de alguém da nobreza: Ewan McLachklein, um bom nome de rei, ou príncipe. Para o próprio garoto, ele era, sim, um pequeno príncipe de respeito. Mas era realista: Sabia que só as criaturas que ele mesmo imaginava eram obedientes à ele, enquanto as pessoas "de carne e osso" ignoravam a presença do orfãozinho abandonado.
❛Todos a postos❜ sussurrou para o mundo exterior, mas gritou a plenos pulmões em sua própria mente. ❛O príncipe está passando!❜
E foi caminhando lentamente, como se desfilasse para uma multidão fervorosa. Pessoas jogavam flores à seus pés, reverenciavam e saudavam. ❛Vida longa ao príncipe Ewan!❜
E o menino sorria.
Mas a realidade não gostava de ser abandonada, e fazia questão de lançar um vento seco e frio sobre o manto do menino, desfazendo toda a multidão calorosa em poeira, que ia embora junto com o vento. As flores derretiam, virando pedra e vida real. O loirinho parou de caminhar por um momento, ajustando a euforia à timidez, olhando o chão. Devagar, ergueu o olhar, e encarou aquela construção imensa. Um sorriso tímido brotou dos pequenos lábios cortados de frio, trazendo a imaginação junto com o vento, imaginando que ali seria o seu novo palácio.

**Administrador** Ter 24 Jan 2012, 18:12

Satisfeito, lhe desenhava um sorriso de uma orelha à outra. Mas os lábios permaneciam serrados. Um sorriso sádico. Deslizou o olhar por sobre os livros empoeirados da prateleira, e viu o longo corredor estendido frente à sua poltrona. Eu vi seu sorriso desfeito, conforme sua desconfiança atormentava. Estava só. Ele sentia que era capaz. Com cuidado, colocou o livro sob a capa negra que se estendia até seus tornozelos, e pressionou-o contra o corpo usando o braço direito. Um ladrãozinho, era o que eu via! Ele ajeitou a capa de modo que não pudessem perceber, e levantou! Deu uma última espiada à janela alta e larga, composta de um colorido mosaico que fazia da luz solar, algo a se apreciar. Apressou-se, por uma infinidade de corredores, dentre as estantes fartas de conhecimento muitas vezes, desnecessário. Uma passagem arqueada guardada pelo balcão da bibliotecária, o intimidavam. Eu notei o desacelerar de seus passos e o descaso que o menino fazia da presença da moça, que aguardava a devolução da comanda de Olivier. Ele simplesmente colocou a peça de madeira sobre o balcão, e se apressou. Atravessou o hall de entrada e seu piso lustroso, por onde via o reflexo do trapo ambulante que era. E além! Um ladrão! Quando atravessou as portas de saída, se pôs a correr degraus abaixo. Na distração de checar a presença do livro sob o braço enquanto corria, tropeçou e cambaleou os três degraus que restavam. Imaginava ele, que não havia ninguém por perto, além dos inanimados filósofos de gesso.

McLachklein Ter 24 Jan 2012, 18:31

E, como dito anteriormente, mais uma vez a criatividade viera visitar o órfão loiro, que deslumbrava a beleza daquele local imenso, imaginando ser o seu mais novo palácio. Não que o menininho tivesse a intenção de viver por ali, ou algo parecido. Seus olhinhos verdes brilharam por um segundo, e das sombras das muretas a multidão se reergueu, batendo palmas e gritando o nome do pequeno.
E quando se aproximou da escadaria e esteve prestes a pisar sobre o primeiro degrau, foi quando não o vento e nem a natureza, mas sim o som de algo desmoronando, foi o responsável de dispersar a multidão e silenciar as palmas e gritos. Lançara um olhar de medo em direção à fonte do barulho, como se temesse ser o responsável por ter derrubado algo. Demorou para o susto e o medo deixarem os olhos do garotinho, e enxergar que não havia sido uma estátua ou alguma outra coisa de supremo valor a se desmoronar.
Era um... Menino. Um outro menino. Devia ter caído das escadas, mas ele não quis pensar nisso. Uma mistura de euforia e timidez tomaram conta do pequeno e frágil coração do menino: Era uma outra presença, e que vinha daquele lugar imenso, que antes ele considerara seu próprio palácio.
❛Eh... Você quer ajuda?❜ Disse, a voz emaranhada em timidez, enquanto se aproximava um pouco ligeiro para ajudar o menino à se recompôr.

**Administrador** Ter 24 Jan 2012, 18:47

Vi então uma segunda figura, que eu julgava ter a mesma idade de Olivier. O loirinho parecia distraído, pois demorou-se a ajudar o outro. Então Olivier, em um ato súbito, agarrou o braço do outro menino e, tendo esse como apoio, se recompôs. Olivier o soltou e ajeitou a capa negra. Depois, ficou a procurar o livro que roubara. Estava aos seus pés, é claro! O apanhou e o escondeu, espiando as portas da biblioteca por cima do ombro.

Foi depois de tudo isso, que ele pôde encarar o outro que lhe oferecera ajuda. Com seus olhos cor de mel, gravou o rosto da figura de idade semelhante. Soturno era o olhar daquele garoto, eu bem que sabia! Eram olhos bonitos, mas transmitiam um desconforto...

- Obrigado.

Simplório, agradeceu assim. Com um meio sorriso no rosto, e desviando o olhar para o chão de pedra. Depois, o jardim. Depois, disse algo mais com aquela voz amarga, mas receptiva.

- Conhece um bom lugar para eu me esconder?

McLachklein Ter 24 Jan 2012, 19:03

Tudo foi súbito demais. O loirinho tomara um susto com as ações repentinas do outro garoto, desequilibrando e quase indo ao chão. Foi com muita sorte que conseguiu manter-se em pé, e a situação exigiu algum tempo para que o menininho raciocinasse e entendesse o que realmente havia acontecido. Depois disso, ajeitou a capa e olhou o rosto do próximo. Novamente, demorou alguns segundos até perceber que ele havia dirigido-lhe uma pergunta, o que fez saltar-lhe as sobrancelhas e corar-lhe as bochechas. A timidez tomara conta da euforia, dessa vez, e o "pequeno príncipe" saíra apressado em suas próprias palavras, tropeçando nas letras como se fossem os pedregulhos do caminho.
❛Eu ãhn-- não. Quer dizer, eu sei, eu sei!❜
Tímido, deu uma volta completa sobre os calcanhares, abaixando a cabeça durante o ato, a timidez esmagando sua cabeça e tornando as bochechas do jovenzinho cada vez mais vermelhas. Os olhinhos verdes tornaram-se incapazes de encontrar com os cor-de-mel, e a voz saiu ainda mais emaranhada.
❛Eu vivo lá embaixo... Há alguns lugares para se esconder. Quer dizer... Se quiser que eu te mostre, eu irei.❜

**Administrador** Ter 24 Jan 2012, 19:12

O outro menino tinha uma insegurança de si mesmo, que fazia tanto eu quanto Olivier, estranhar! "Não vou te devorar, menino!", pensava consigo mesmo, o garoto. Mais de uma vez, Olivier espiou a biblioteca às suas costas. Temia qualquer sombra que se movesse sob suas costas! Ou o som do vento acariciando às plantas do jardim. O garoto franziu o cenho de leve e fez o olhar passear pelo chão. Espiou o loirinho de costas, arqueando a sobrancelha.

- Ei! Me leve até lá?

Ele coçou o braço com o qual prendia seu livro, abaixando o olhar e esperando alguma reação do outro. Não era tempo de questionar o modo dos outros, mas sobre isso ele meditava em silêncio. Ergueu os olhos para um dos vários Vings que voavam acima da passarela. Ele não podia esconder o quão achava aquelas máquinas, fascinantes.

McLachklein Ter 24 Jan 2012, 19:38

Os olhos estavam amarrados aos pezinhos, a cabeça turbulenta, as mãos dadas por trás das costas, os dedinhos antes adormecidos pelo frio entrelaçados. Conhecia o chão perfeitamente, mas tinha medo de olhar para cima. Achava tudo tão imenso, e saber que existia ainda muito mais que os olhos dele não alcançavam faziam suas pernas tremerem de medo. Mexeu um pé, chutando um pedregulho em um coice, ainda sem conseguir olhar o outro menino.
❛Se você me seguir...❜

**Administrador** Ter 24 Jan 2012, 19:56

Olivier possuía uma paciência inesgotável, eu via! Mas conforme o pano dos céus movia-se, ainda que lento, ele tinha os olhos atentos ao passar das horas. Nebista era uma cidade muito elevada, portanto era raro ver as nuvens de algodão. Mas podiam se atentar aos detalhes da textura celeste, mais nítido ali.

- Podemos ir? Está anoitecendo...

Comentou, com a maior tranquilidade que pôde. Alguns funcionários se aprontavam para fechar os portões de entrada à área da biblioteca. E ordenavam aos garotos, que se apressassem. Eu assistia, entendiado.

McLachklein Qui 26 Jan 2012, 19:17

Quem via aquele menininho loiro, talvez não fosse capaz de adivinhar o quão turbulenta era aquela cabecinha de criança de quatorze anos. Os pensamentos corriam apressados dentro do crânio do jovem, e a frequência deles aumentava quando ele se recolhia à timidez, encolhendo os ombros e agarrando a ponta do seu manto sujo, desejando que fosse um artifício que o fizesse desaparecer. Pareciam pássaros selvagens enjaulados - batiam contra as paredes com força, para que o barulho do mundo exterior fosse isolado. Ao ouvir a voz do outro garoto, Ewan deu um quase salto, erguendo a cabeça e o olhando nos olhos em meio ao susto. Não disse nada - apenas girou sobre os calcanhares novamente, indo apressado para longe do monumento. Dessa vez, a multidão se calara. Por respeito ou medo, não se sabe.

**Administrador** Qui 26 Jan 2012, 19:28

E lá estavam eles! Partindo, então. Para dentro da escuridão que eu via, aguardava-lhes. Nas passarelas esculpidas em pedra, que se dividiam em encruzilhadas e escadarias. Cortando os corredores dos Vings, que cruzavam incessantes! Por cima das passarelas, e sob suas estruturas arqueadas. Eram visíveis também, algumas engrenagens fincadas às diversas estruturas. Em giro constante, alimentando algo! Mas na noite, saiba que nem todos os detalhes estavam tão claros assim. Pequenos lampiões estavam pendurados nas muretas das passarelas, iluminando apenas o caminho aos que ousavam se perder à uma hora dessas!

Mas antes que eu me esqueça de Olivier, este seguia fielmente ao loirinho. Os seus olhos cor de mel eram inquietos, focando o subliminar da noite. E as estrelas de ouro às quais era um devoto apaixonado! Pensava se poderia tocá-las, ou arrancá-las de suas linhas prateadas, agarradas ao tecido do céu. E embora apreciasse o silêncio, eu sentia que o garoto queria conhecer melhor aquele que lhe guiava. Por distração!

- Ei... Qual o seu nome?

McLachklein Qui 26 Jan 2012, 20:40

Caminhava rápido, chutando os pedregulhos do caminho, olhar sempre fixo ao chão. Conhecia bem aquelas estradas, mas nunca teve coragem de lançar um olhar para o céu. Tudo deixava o pobre menino assustado, como um camundongo preso em um laboratório. Tinha medo de tudo o que era real. A realidade em si era o seu maior pesadelo, e usava da imaginação como escudo. Ou uma rota de fuga, quem sabe.
❛Ewan McLachklein❜ disse, dessa vez captara a fala do menino rapidamente. De fato, a turbulência dos pensamentos havia diminuído bastante, na tentativa de se localizar a partir dos pedregulhos espalhados pelo chão. Não podia se distrair no seu mundo paralelo, não dessa vez. ❛E você, quem é?❜

**Administrador** Qui 26 Jan 2012, 20:50

Eu os vigiava. E atentava. Quando não distraído, Olivier estava a escutar as palavras do outro menino. Meramente deu de ombros e encarou ao chão. Seus passos ritmados, e as sombras altas prolongadas às suas costas.

- Olivier de Lirium.

Ah, mas além de ladrãozinho era um mentiroso! Ou apenas se passava por lunático! Inventando sobrenomes, eh? Olivier preenchia a lacuna de seu sobrenome, que nunca lhe foi dito, com aquele que lhe satisfizesse. Fizera isso a vida toda, com muitas outras coisas que lhe faltavam. Sendo um órfão sob a companhia fantasmagórica da solidão, que lhe provocava com pensamentos declinados e alinhados, para sua dor. Ajeitou o livro sob o braço.

- Está longe, Ewan?

McLachklein Qui 26 Jan 2012, 21:59

❛Só mais alguns passos❜
Examinava o chão como se fosse um pedaço de mapa. Quem soubesse que o menininho se imaginava como um príncipe, poderia até mesmo rir da ironia do destino. Um príncipe anônimo, que anda sempre curvado. Uma reverência eterna às construções de pedra. Pobre criança, pobre príncipe desconhecido, menino da realeza inexistente que vive à adorar as pedras por medo. Conhecia o chão como se fosse o seu mapa, mas o resto eram parte dos seus pesadelos.
Reconheceu o vento que soprou em seu rostinho, e parou de andar. Levara o seu mais novo desconhecido para sua 'casa', na tentativa de satisfazer o pedido de se esconder do outro jovem.
❛Eu vivo por aqui, e as pessoas nunca me notam❜ disse, as palavras embrulhadas em inocência. ❛Você quer se esconder, certo? Então acho que aqui está bom.❜

**Administrador** Qui 26 Jan 2012, 22:12

Ele parou diante do infinito. O tapete de algodão estendido ao término da cidade. As plataformas ocupadas por poucos Vings. Eu assistia alguns a decolar. Outros a pousar. E os piratas do ar, com um ou outro membro mecânico, tinham histórias a contar sobre como romperam a carne e ossos nas suas jornadas. Era o que pensava Olivier, parado ao lado do loirinho! Mas ele também tinha a duvida nublando seus pensamentos. Vez ou outra espiava o pouco movimento do lugar. A velha torre de transmissão de sinal para os Vings comerciais. Simplório, sentou. Olivier contemplou o casco do Ving que sobrevoava suas cabeças. E o viu adentrar a cidade. E nada mais queria ver. Exausto, dormiria no chão se fosse a ideia. O loirinho era tão, ou mais, perdido que ele.

FIM

**Administrador** Dom 08 Abr 2012, 20:39

☄ Nebista Lamb%252520by%252520darkshadeness

Eu tenho visto os dias passando feito nuvens, púrpuras ou douradas, azuis ou esverdeadas, como as cores de um incenso das ciganas de Divella. Meus olhos verdes passeavam por tantas cores, quando eu debruçado na beira do convés estava, com o frio penetrando à minha alma. O vento frio penetrando meu pulmão. A minha tosse. Foram dias à bordo do Ving pirata, sob a sombra do balão em forma de charuto que elevava a máquina aos céus. Quase que um zepelim, o tal Ving. Certo dia vi a cidade flutuante. Ela vinha até nós, e vice-versa. Como a promessa do futuro, que eu prometera para Lyrienso. Quando escrevi um livro, selei a promessa. Os marujos se agitavam, com suas fortes pernas movendo os pedais em alguma sala nas entranhas do barco. Os assistia na agitação, de se aproximar de uma cidade esculpida em pedra, sim! Pois de longe eu via seus prédios e construções dotadas de suas abóbadas, em uma arquitetura futurística, mas em pedra e gesso rústicos. Entalhadas nas pedras, detalhes artísticos pintados de cores como vermelho e dourado. Imagens de ilustres pensadores, que marcaram história em dois séculos. Imaginava eu se um dia, teria eu ou Richard entalhados nas paredes exteriores dessas enormes construções. O porto estava ali, à nossa espera. Uma sequência de plataformas na beira da plataforma flutuante que sustentava Nebista. Piratas e agiotas transitavam livremente, em um comércio louco de peças para Vings. Barracas armadas por toda a extensão do porto. Nosso Ving pousou sobre uma das poucas plataformas vazias. Vi tantos Vings cruzando os céus, e alguns mecânicos consertando o casco das naves com o auxílio de asas mecânicas para mantê-los no ar. Então escutei armas sendo carregadas, e a tripulação apontava-nos seus revólveres. Saquei meu punhal, atento.

Lumper Dom 08 Abr 2012, 20:54

E a viagem pelos céus estava acabando, Nebista estava próxima, mais um passo estava para ser completado em suas jornadas. E o Ving estava pousando, Richard se perguntou se iria encontrar algum velho conhecido no meio daquelas várias pessoas.
Richard estava ao lado de Aloy, já estava pronto para parabeniza-lo por ter feito com que chegassem até lá quando os piratas sacaram suas armas, apontando-as em direção dos dois. O homem fez o mesmo com sua pistola e viu o garoto empunhar sua própria arma. O que eles pretendiam agora?

-Cretinos! O que querem agora?

Richard bravejou contra a tripulação.

**Administrador** Dom 08 Abr 2012, 21:11

Sob tais circunstâncias eu não soube ao certo o que faria. Eram armas de fogo, disparos rápidos, contra uma lâmina inerte. Eu não ousei me aproximar. Vi um homem chamando por outros piratas que estavam ao aguardo do Ving. Era eminente que mantiveram contato com esses tais piratas durante a viagem. Cheio da confiança, eu de nada suspeitei. Na mais estúpida das inocências. Sim, vi mais alguns homens somando à tripulação, fofocando às gargalhadas sobre um moleque e um homem ousados.

"Um homem de braço mecânico, seguro de que sua pistola estava carregada, apontava para Richard e sorria de lado. Possuía o charme intelectual de um escritor, e certamente a inteligência de um. Tratou de responder ao homem, com um ar de triunfo envolvendo suas palavras.

- Não deveriam subestimar a inteligência dos piratas do ar, meu bom homem! Permitimos a vocês, alimentar a ilusão de que estavam em vantagem. No intuito de trazê-los para o nosso território, mas é claro! - Ele girou a pistola nos dedos, como que uma criança na posse de um brinquedo. - Não faço ideia do que pretendem. Mas é bom que nos convençam, caso contrário... Heh!

Mantinham a mira nos dois intrusos."

Lumper Dom 08 Abr 2012, 21:29

Malditos, malditos! Isso era tudo que Richard conseguia pensar. Eles haviam sido ingênuos demais, o homem não considerava os piratas do ar como seus verdadeiros inimigos isso fez com que acreditasse neles. Richard era uma pessoa que se irritava com facilidade e se sua prudência acabasse ele iria atacar o pirata mais próximo e acabaria com aquela tripulação e com todos que fossem contra ele naquela cidade. Era importante controlar essa sua vontade impossível.

-Nós viemos falar com seus líderes!

Vociferou, seria difícil fazê-lo falar sem gritar.

Trovador de Lyrienso Dom 08 Abr 2012, 21:41

E lá vem o garoto que era motivo de zombaria, Johann, um falhado alquimista. Carregava cinco livros empilhados nas mãos, livros que quase escondiam seu rosto. Ao seu lado andava (aquilo poderia ser chamado de andar?) uma pobre criatura. Um homúnculo que dera errado e esta pobre criatura, Envy, era o motivo pelo qual todos riam de Johann. Aquele jovem tão inútil, não conseguira produzir um homúnculo corretamente e o resultado era Envy, um ser deformado que atingia apenas um metro de altura, um ser cuja coluna estava torta, um ser de passos lentos que, no momento, carregava dois livros para seu mestre.
—Que acha que aconteceu, Envy? — Perguntara Johann ao ouvir um som diferente. Uma voz de um velho conhecido, cujo braço já lhe era conhecido. O jovem alquimista dirigiu-se para lá, mal consiguindo ver um palmo a sua frente.
— Não ssssei, sssenhor. — Respondera a criatura com sua respiração ruidosa.
E o jovem estava certo. Lá estava o dono da voz conhecida, o dono do braço mecânico que Johann conhecia tão bem.
— Você deveria parar de brincar com essa coisa, pode machucar alguém. —Falava Johann enquanto se intrometia no meio dos piratas, deixou que os livros repousassem no chão e sentou-se sobre eles, observava pacientemente os dois causadores de encrencas: Um jovem que talvez tivesse sua idade e um rapaz de feições orgulhosas, que lembrava a Johann ligeiramente uma bomba prestes a explodir. —O que eles fizeram de tão errado para fazer você ficar tão bravo, hm? Oh, Envy, deixe esses livros no chão, por favor...

**Administrador** Dom 08 Abr 2012, 22:01

"O homem espiou o garoto, com as sobrancelhas erguidas. Um familiar garoto, para o qual sorriu brevemente.

- Invadiram nosso Ving em Divella. Pensaram que éramos seus reféns. Heh, imagine só! Alguns vinte homens, reféns desses dois!

E ele se aproximou de Richard, como que desejando roubar o oxigênio que esse respirava. Respirar o seu ar, e devolver um ar mais quente ao expirar. Tocou o queixo do homem com a pistola, inclinando a cabeça do mesmo para cima, só um pouquinho. Encarou-o nos olhos.

- Nossos líderes mal dão importância para nós, os seus próprios homens. Pretensioso você, se pensa que eles receberiam vocês! - E se afastou, baixando a pistola e afundando a mão livre no bolso do casaco. - É um homem esperto. Merece viver. Mas sua liberdade estará sob a nossa guarda, é claro! Prestará serviços ao nosso clã. O garoto poderá te acompanhar."

Eu assistia, calado. Os homens assentiam entre si, baixando suas armas. E eu estranhava a tudo isso, comparando-os com os impiedosos piratas do ar. Que raios Richard fizera para ter tido como esperto? "Viemos falar com seus líderes", e basta? Ora, não pareciam tão espertos. Ou eram homens muito generosos, esses tais piratas do ar. ~~Ou quem escreve não pensou em algo melhor, presumo eu.~~ Atacá-los seria burrice visto o quão numerosos eram. Espiei o recém chegado garoto e a estranha criatura que o acompanhava. Eu tinha a curiosidade cintilante aprisionada no verde dos meus olhos. Um pirata veio até mim. Era um homem alto de traços fortes, rígidos, e pedia que eu o acompanhasse. Em seguida, pediu a Richard que fizesse o mesmo. Para os interiores do navio, os corredores de paredes decoradas com quadros.

Lumper Dom 08 Abr 2012, 23:00

Encarou o homem com o braço mecânico, os olhos de Richard queimavam em ódio. Rangeu os dentes com a aproximação do pirata. Sentiu o toque gelado da arma em seu queixo, apertou sua própria arma com mais força. Achou que poderia morrer agora mesmo, mas não estava com medo, estava irado. Sua irritação aumentou ainda mais com as palavras do homem, eles iriam ser poupados, simples assim.

- Que papo é esse?! Não vão tentar me matar? Venham! E eu acabo com metade de vocês antes de ir para o inferno que mereço!

Richard jogara sua arma no chão, seu rosto estava vermelho, essas reações que criavam tantas confusões na vida do homem. Chamava os piratas para uma luta, desarmado, aquilo não poderia sair bem para ele.

Trovador de Lyrienso Dom 08 Abr 2012, 23:05

— Hmm, sem querer me intrometer, mas já me intrometendo... Você perguntou aos dois, detalhadamente, o motivo de terem roubado o Ving? "Falar com seus líderes", por favor! Devem ser tão amigos da lei como você. Deixe que os rapazes contem sua história, caso contrário ficaria feliz se pudesse doá-los para mim. Preciso de cobaias humanas... — Dizia em tom pensativo enquanto olhava o que caminhava rumo ao corredor. Coçou o queixo por um instante e olhou para Envy que havia largado os livros no chão. A pobre criatura tremia ligeiramente, isso era algo que deveria investigar depois, balançou a cabeça negativamente e sorriu enquanto levantava.
— Será que eles poderão nos contar uma boa história? Será? Será? Não custa nada ouvir, sim? — Cutucava animadamente o braço mecânico do homem enquanto pronunciava tais palavras. — E se eles não tiverem histórias interessantes, posso ficar com eles? Sim? Sim? Você sabe, preciso deles frescos, não é, En-vy?
Johann mostrou um largo sorriso e então encarou a pobre criatura deformada que apressou-se em balançar a cabeça positivamente.
— Sssim, fresscos. Fresscos é bom, sssenhor, muito bom. — Chiava animadamente a criatura, embora isso fizesse sua aparência ficar ainda pior.
— Oooh! Acalme-se, sem brigas! Olhe, aqui um abraço. — Johann aproximou-se do rapaz irado que recusara-se a seguir o amiguinho e deu-lhe um abraço. Provavelmente seria jogado longe, mas esperava que tal atitude inesperada deixasse o rapaz sem ação.

**Administrador** Dom 08 Abr 2012, 23:18

"O homem de braço mecânico riu, e escutou ao alquimista. Deu de ombros às questões minimas, apenas mirando o homem mais uma vez. Até que o garoto abraçou-o, o que atrapalharia a sua mira. Franziu o cenho.

- Ora, largue-o! O bom homem quer brigar. Deixe que eu seja seu oponente... Senhores, apreciem! Não é sempre que me verão utilizar a força bruta, eu lhes asseguro disso...

E largou a arma. Seria um combate corporal. O público estava ali, cercando-os. Alguns viravam um cantil na boca, deixando escapar a bebida pelo canto dos lábios."

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