Aloysius

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 14:36

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A luz do fim do ornamentado corredor era natural. Eu tinha a absoluta certeza de que se tratava do sol. Os corredores não possuíam janela, pois supunha eu que esses cômodos estavam no interior da montanha onde fixaram o palácio. Eu derrubava os guardas com certa dificuldade e saía com arranhões e cortes que por pouco não se tornavam mais graves. Minha cabeça poderia rolar! Eram três guardas indo contra Anne, mas saltei para um e o derrubei ao chão junto comigo. Deixei-o inconsciente com uma paulada e corri para o fim do corredor. Meus olhos ardiam sob a luz natural do sol e a beleza que se mostrava perante à minha insignificante presença. Só pude arregalar os olhos, perplexo. A madeira escorregou dos meus dedos, e eu não pude perceber pois estava a admirar.

"Eram os jardins reais do palácio. A montanha, naturalmente, possuía dois lados. Um lado voltado à cidade, onde encontrava-se a fachada do palácio, e no outro, os mais belos jardins imagináveis, cultivados numa plana porção de terra da montanha, contendo as mais belas flores e mais belas cores, uma brisa fresca carregada de folhas que pendiam das árvores, com paisagem para uma vastidão natural, um vale, que se estendia até onde os olhos pudessem compreender. Uma bela jovem, de faces rosadas e cabelos cacheados cor-de-mel, estava a apreciar a paisagem, com as delicadas mãos depositadas sobre a mureta de uma extremidade dos jardins. Ela trajava um vestido creme com estampas de flores. Virou-se, esbanjando tranquilidade, para espiar aqueles que vinham do corredor. Seus olhos tristes, sorriram. Olga, o seu nome."

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 14:37

[ ~ ] Viu Aloysius seguir em frente, saindo do interior do castelo. Usou toda a força que tinha contra aqueles dois guardas, batendo com a urna uma, duas vezes na cabeca de cadas um até que caíssem aos seus pés - uma ótima sensação, diga-se de passagem -. Entáo seguiu-o, ainda segurando a urna em caso de imprevistos. Achou-o olhando para uma moça aparentemente rica, como todos os outros da cidade, mas de vestes diferentes; vestes reais. Ficou imóvel encarando a moça. [ ~ ]

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 14:39

"Uma serva real da princesa, uma mulher de olhar estreito, contestou a presença dos recém-chegados e ordenou um guarda que os retirassem dali imediatamente, mas a princesa interviu com suas palavras doces cujo som dançava em uma valsa para até os ouvidos dos presentes.

- Mantenha a calma, Amélia... Estive esperando por eles. São meus convidados. Peço, com carinho, Amélia, que retire-se imediatamente, e que os guardas a acompanhem e fechem o portão dos jardins. Deixem-nos a sós...

A criada inflou as narinas e corou de raiva, mas fez uma curta reverência e retirou-se com os guardas que vigiavam a princesa. As duas folhas do enorme portão foram puxadas pelos guardas que passaram, e uniram-se, permitindo só os três, nos jardins. Princesa Olga, em um elegante andar, encaminhou-se para uma mesa de chá sob a sombra de uma árvore. Não fez menção para que a seguissem, sabia que viriam à ela. Sentou-se em uma cadeira de almofada e preencheu três xícaras com chá de um adorável bule."

Eu me surpreendia a cada palavra da princesa. Como poderia, algo tão absurdo soar natural quando interpretadas por aqueles lábios? Espiei o enorme portão fechando-se às minhas costas e me encaminhei para a mesa de mármore, sentando-me em uma cadeira e espiando o chá na minha xícara. Eu estava sem palavras, e desejava que a princesa ou Anne rompessem o silêncio.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 14:41

[ ~ ] Continuou estática observando o que acontecia, lembrando-se de não se surpreender mais por nada que acontecesse dali adiante. Contentou-se em espiar a paisagem, uma paisagem realmente bela que nunca poderia ser vista em uma viagem pelos mares. Por isso quis gravá-la em sua memória. Depois, seguiu Aloysius até a mesa e sentou-se em uma das cadeiras, as mãos descansando sobre o colo quando na verdade queria apoiar os cotovelos na mesa, mas aprendera em algum lugar que não era bom fazer isso na frente de nobres. [ ~ ]

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 14:45

Eu nunca bebera chá. Não gostaria de arriscar, experimentar e fazer uma careta diante da princesa do reino. Apenas fiquei a observar aquele líquido meio escuro, e mais belo que o habitual café. Eu tinha minhas mãos juntas sobre meus joelhos, e vislumbrava a princesa com um olhar vidrado. Mas me veio a razão, como quando uma tempestade eleva o mar da tranquilidade, e te leva a pensar.

"- Quero que perdoe a ousadia de um garoto de quinze anos que sou, princesa Dora... Desejamos uma conversa particular com o rei.

Abaixei a cabeça, um pouco inseguro com as minhas palavras.

A princesa, com a delicadeza de uma nobre, bebericou o chá de olhos fechados, apreciando-o. Depositou a xícara ainda cheia sobre o pires após escutar ao garoto, e descansou o olhar no garoto. Os olhos continham o mais perfeito semblante de tranquilidade.

- É com pesar que lhes digo... O meu pai não os atenderá. - Ela apanhou a xícara e deu um breve gole. - Se querem a verdade, busquem pela família Manson."

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 14:46

[ ~ ] Permaneceu quieta observando ora a princesa, ora Aloysius. Olhou para a xícara de chá e arriscou-se a beber, tentando imitar os modos da garota. Uma bebida amarga, porém suportável e até um tanto viciante depois de alguns goles. Constatou que gostou, mas vez ou outra se impedia de tomar tanto de uma vez e deixava a xícara na mesa, como a princesa. Não se atreveu a falar nada nem intervir na conversa dos dois. Quem estava comandando aquele plano era Aloysius, afinal. [ ~ ]

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 14:48

O sobrenome "Manson" me remetia a algo, uma lembrança do passado, de um raro momento em que empunhei um livro em mãos, prometendo estudar sobre os piratas do ar. Um livro assinado com alguém cujo sobrenome era Manson. Tive uma ampla compreensão sobre piratas do ar devido àquela leitura. Pisquei e eu vi a realidade. Estávamos a tomar chá com a princesa. A garota me surpreendia, adivinhando coisas que estavam caladas dentro de nossos corações. Como se ela soubesse de tudo o que vimos. Para que eu contestaria? Lançar meu tempo ao vento quando estávamos ambos adiantados, à par da situação?

- Que é que a família Manson sabe? Em que cidade os encontraremos?

"A princesa sorriu de leve, com os lábios, para as perguntas do garoto. Ela parecia apreciar os dois como se fossem peças raras de algum artigo histórico. Obras de arte.

- Não tenha pressa, Aloysius... Como bons historiadores, os Manson's detêm o conhecimento do qual vocês precisam. Eles vivem em uma mansão, nos campos de Angieses. Beba o chá."

Arregalei os olhos quando escutei o meu nome. Mas não pude contestar. Experimentei o chá, e senti um gosto peculiar que me agradou um pouco. Com a xícara ainda na mão, encarei-a. Notei que não havia mais perguntas a fazer. Que meus planos me escapavam. Eu não conversaria com o rei. Mas a filha dele parecia tão sábia que o rei parecia dispensável. Assistir à princesa discutindo sobre o segredo do mundo era tão amedrontador que encarar o mundo por trás do céu de pano.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 15:02

[ ~ ] Pela provável terceira vez dentro de poucos minutos, arregalou os olhos. Já conseguira entender que aquela princesa escondia alguma coisa. Ela sabia onde morava a família Mason, aquela do qual ninguém nunca ouvira falar mas cujo nome sempre estava presente pela cidade. Havia escutado as conversas. E o nome de Aloysius, quem conhecia no mundo além dela e dos pais do garoto? Aquilo por si só já revelava algo... [ ~ ]

[ ~ ] Mas permaneceu ali em suas reflexões, nunca falando nada ou dirigindo sequer olhares a um dos dois. Perdia-se nas paisagens, no chá ou em algum buraco no ar... [ ~ ]

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 15:37

"A princesa concentrou-se em beber o seu chá, ao aguardo de mais dúvidas, questionamentos. Mas ela sabia que não viriam mais perguntas, não naquela manhã. O portão se abrira, subitamente, e então veio um homem de cabelos loiros, arrastando um manto, tendo um cetro dourado com diamantes incrustados na mão direita. Vinha imponente, e rompia a tranquilidade dos jardins. Guardas e a criada real da princesa o acompanhavam, esclarecendo quem contatara ao rei sobre os dois fugitivos da prisão do palácio, que agora tomavam chá com a princesa por decisão da mesma. O rei parou diante da mesa, bufando de raiva e preocupação paterna.

- O que há de errado com você, Olga? Flertando com marginais, delinquentes perigosos! Que vergonha, por Moros! Que vergonha... - O rei, frustrado, abaixava a cabeça e tocava a testa, balançando a cabeça como reprovação. - Guardas, levem-nos imediatamente daqui. De volta à prisão.

O rei sentia-se envergonhado perante à filha. Não enxergava nela, uma princesa de sangue nobre. Enxergava nela uma jovem errônea e retraída. Balthos levantou a cabeça, encarando os dois fugitivos com o olhar de um leão furioso. A princesa abaixou a cabeça e nada disse, emanando infelicidade no olhar."

Os guardas nos puxaram de nossas cadeiras, com brutalidade, e nos encaminharam para dentro do palácio, rumo à prisão. Retornaríamos às nossa cela, com pesar... Abaixei a cabeça, e dessa vez eu não sorria.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 15:39

[ ~ ] Foi novamente puxada para outro lugar, dessa vez de um modo visívilmente mais brutal. Entendeu que o plano acabava aí, e a única preocupação agora era como sairíam daquele lugar. Já estava ficando com saudades de seu cais... [ ~ ]

FIM

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 15:47

ATO NÚMERO 8

Eu me encontrava no delírio da escura cela, cujo breu invadia meu coração de luz e sufocava-o, sussurrando palavras desesperançosas que faziam murchar as flores do jardim dos sonhos. Eu o cultivara tanto! Meu jardim morreria ali, junto ao meu insignificante corpo? Vez ou outra eu segurava as barras de ferro com minhas duas mãos, tentando enxergar ao longo do corredor, esperando que alguém nos libertasse por ordem da princesa Olga. Caso se repetisse, eu não hesitaria dessa vez. Que rolasse a cabeça do rei, eu fugiria! Pois a princesa nos dera o bastante, embora as coisas ainda fossem subliminares sob meus olhos. Cada passo guiava-nos mais adentro da escuridão e do medo do desconhecido. Agora eu desistira, sentado no banco preso à parede, onde eu apoiava a cabeça e observava o teto, imaginando que inseto seria aquele que o percorria. Uma aranha? Fiquei brincando com os botões da minha blusa, absorto na decepção.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 15:49

[ ~ ] Sentada em outro banco à parede, não fazia mais que o de sempre; vez ou outra olhava para o corredor, teto, Aloysius, perdia-se em pensamentos ou tentava escutar algo mais que o silêncio lá. Por sorte, aquele cara das canecas havia parado. Na verdade, nem o via mais em sua cela. Mas enfim... Já compreendera que Aloysius não tinha um plano de fuga, e isso a levava a acreditar ainda mais que seu fim seria como aquele homem da caneca. [ ~ ]

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 15:52

"A garota vinha, a passos abafados pela cautela. Vozes eclodiam do silêncio, mãos e braços saltavam por entre as grades para agarrá-la. A princesa se encolhia, temerosa, minúscula diante das figuras grotescas de almas torturadas por crimes e vícios, almas manchadas de sangue. Olga tinha um tilintar metálico a cada passo, e parou diante da cela onde estavam os dois jovens. Em uma mão, segurava um pequeno saquinho de pano com a boca amarrada por uma fita dourada que fazia um laço. Na outra, a chave que abria toda e qualquer cela da prisão. Girou-a no cadeado e abriu-lhes a porta, com um delicado toque. As vozes grossas ainda indagavam, suplicavam e ameaçavam. Logo, isso chamaria atenção dos guardas que patrulhavam.

- Em troca da liberdade, apenas lhes peço o perdão para com o meu pai. Perdoem-no, por favor. - Fez uma pausa. - Venham.

A princesa tinha aqueles olhos tristes conforme falava, pesarosa, envergonhada. Ela encaminhou-se ao longo do corredor, para até uma outra cela vazia a qual ela tratava a abrir."

Minha mente estava conturbada demais para notar os sons de euforia e desespero vindos de fora, embora fosse alto. Eu desisti de adivinhar qual inseto estava a perambular pelo teto e paredes quando vi a porta se abrir, e senti-me revigorado. Meu coração onde a poeira repousava voltara a bater com mais força, e eu me levantei de súbito, de olhos e ouvidos abertos à princesa Olga. Assenti em concordância, que mais poderia eu fazer? E a segui.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 15:54

[ ~ ] Logo, ouviu um barulho e olhou para a porta da cela, já sabendo o que viria. E não se enganou. Lá estava a princesa e abriu a porta para ambos, e ela logo saltou para o chão sem responder ou menear a cabeça, deixando que Aloysius responddesse por si mesmo. E ele fez, balançando a cabeça. Saiu da cela antes e esperou pelo garoto lá fora, no meio do corredor, em um ponto onde não era tocada pelos outros presos. [ ~ ]

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:03

Reuni-me com Anne e segui a princesa, para até a outra cela que ela abrira. Demorei a notar que ela esperava por nossa iniciativa, de adentrar o recinto fechado aparentemente idêntico a todos os outros. Meus olhos iam da figura real para a porta aberta da cela. Lancei um olhar de dúvida para Anne e arrisquei entrar.

"A princesa segurava a porta da cela, agora esperando por Anne. Estendeu o braço para a garota, tendo seguro na palma da mão aberta, o saquinho com algo pesado dentro. Não sentia a necessidade de dizer o que ela deveria fazer. Era um presente, e não aceitaria recusas.

- Eu lhes presenteio com uma quantia generosa de moedas de ouro. O suficiente para comprar roupas novas e passagens para viajar no Expresso Lyrio. É com sinceridade que desejo-lhes sorte... Sigam pelo túnel de fuga, no canto da parede."

Não encontrei palavras que expressassem tamanha gratidão contida dentro de mim. Sorri de leve, mas meus olhos sorriam mais nitidamente, cintilando como verdes esmeraldas. Agora eu notava a entrada para um túnel subterrâneo no canto dessa cela. Adentrei a profunda escuridão, apalpando as paredes conforme caminhava por caminhos desconhecidos.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:06

[ ~ ] Olhou o saquinho, olhou Aloysius e arriscou-se a olhar a princesa nos olhos, depois pegando-o e, depois de um leve menear de cabeça, seguindo o garoto na cela. Não pensava em comprar roupas novas. Gostava das suas, a não ser que achasse alguma loja que vendesse roupas de pirata, o que, sinceramente, achava que não era o caso. [ ~ ]

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:10

As paredes eram úmidas, eu escutava o som de águas correndo. Talvez os encanamentos do palácio percorressem a terra rente aos túneis. Meus passos eram lentos, pois eu não ousaria tropeçar nas saliências de um piso irregular. As pedras que pavimentavam o caminho estavam quebradas, partidas. Imaginava eu, que pessoa cavara aquilo? Uma luz fraca vinha tingindo os meus passos. O túnel se estreitava. Eu andava envergado, para não raspar a cabeça no teto. A luz vinha se intensificando, e eu espremia meu olhar sob a luz do sol que eu não via há tempos. O túnel terminava em uma mata fechada aos pés da montanha. Eu espiei o palácio, à minha direita, elevado na parede rochosa. Caminhei pela mata, cauteloso, sobre a grama rasteira e os arbustos altos. Passei por uma árvore e de repente eu estava em uma rua. Do nosso lado, uma mata fechada e as montanhas. Do outro, casas nobres. Estávamos na cidade de Miskronie, livres.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:11

[ ~ ] Seguia-o levantando as pernas mais do que o normal para não tropeçar. Sacudia o saquinho em sua mão e assim ouvia o tilintar das moedas. Precisaria certificar-se de que eram verdadeiras mais tarde... [ ~ ]

[ ~ ] Depois de um tempo, chegaram a uma floresta. Olhou em volta, todos os cantos, cada folhagem enquanto andavam e concluiu que gostou do lugar. Seria legal explorá-lo, porém não tinham tempo e logo voltaram a Miskronie.... Porque a floresta ficava relativamente perto da cidade. E isso fez-la perder todo o interesse no local. [ ~ ]

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:13

O sol estava girando no alto, coisa diária, eu via. Erguia os olhos para espiá-lo. E enchia meus pulmões de ar fresco que há tanto não me chegara às narinas. Expirei, e olhei as minhas roupas. A calça larga e a blusa desbotada, imundas. A rua era deserta. Era a última rua da cidade, rente à mata e aos pés das montanhas. Fazia uma curva para prosseguir caminho conforme a cadeia de montanhas. Era deserta. Olhei para Anne, na única em que eu depositava confiança. Tínhamos um destino a traçar, nada prescrito por um Deus. Como traçaríamos?

- Que acha que devemos fazer, Anne?

Eu perguntei com o tom doce de uma criança dotada da dúvida sobre o mecanismo das coisas.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:15

[ ~ ] Franziu o cenho. Achava que ele tivesse um plano. Não, na verdade não foi por isso que ela franziu o cenho. O plano acabara quando encontraram a princesa pela primeira vez. Franziu o cenho porque achava a resposta relativamente óbvia, mas não comentou sobre isso, e apenas respondeu à pergunta. [ ~ ]

[ ! ] Encontrar os Manson, é claro...

[ ~ ] Já instintivamente olhava em volta, tentando achar a direção por onde deveriam seguir para ir para os campos citados pela princesa.
[ ~ ]

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:17

Abaixei o olhar e depositei dois dedos sobre o queixo, pensativo. Acreditava eu, que os campos estavam longes e não havia travessia por água até lá. A princesa citara passagens para o Expresso Lyrio. Ela já planejara tudo. E eu nunca descobriria por qual motivo, ou como... Levantei meu olhar, afastando a mão do queixo. Meus olhos sempre se erguiam súbitos, e quando o faziam eles brilhavam. Exaltando uma solução.

- Que embarquemos no Expresso Lyrio, Anne! Tem esse tal ouro nas suas mãos. E, perdoe a minha futilidade, mas poderíamos visitar a avenida para comprar alguma roupa decente?

Eu temia uma resposta negativa ou um sermão da minha amiga, com receio na face.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:18

[ ~ ] Ela deu de ombros como resposta. Na verdade, se importava e muito com o fato de ir novamente a Miskronie, porque apenas ao vê-la de longe já odiou. E agora precisariam novamente se misturar com aquele monte de gente rica... Mas, claro, Aloysius precisava de pelo menos calças decentes. [ ~ ]

[ ! ] Não. Vamos lá.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:19

Eu lancei-a um sorriso canteiro. Achava-a misteriosa, e me despertava curiosidade. Eu tentava navegar nos mares e marés de mente e coração dela, e era tão leigo ainda... Segui por aquela rua dos extremos da cidade, e logo vi o movimento das coisas. Aquelas pessoas elegantes que nos lançavam olhares tortos. A avenida deveria ficar do outro lado da torre do relógio. Essa era bem visível, estávamos na porção da cidade atrás dela. Logo éramos meros dois na multidão, desviando de carros como todos os outros. Eu vislumbrava alguns pequenos comércios da rua em questão. Uma barbearia com um tubo de listras brancas e vermelhas que ficavam a girar constantemente, aquilo me atraía! A rua terminou na praça principal. Me provocava dor no pescoço, olhar para o topo da torre do relógio, cujos detalhes - um sol, uma lua - sob os ponteiros, me fascinavam! Oposta à torre do relógio, estava uma escadaria. Desci-a, e após o último degrau estávamos lá, na avenida cortada pelos trilhos do bonde lotado. Com poste-lampiões, toldos, vitrines, luxo, elegância! Eu ia pela calçada, rente às vitrines. Esperava por alguma opinião de Anne sobre qualquer roupa à mostra.

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:20

[ ~ ] Seguiu-o pelas multidões, concentrando-se apenas em mander Aloysius à vista. Poucas coisas na cidade chamavam sua atenção, mas admitia que passara um bom tempo olhando o relógio ao invès de seguir o garoto, o que acabou criando uma distância entre ambos que ela teve que conseguir encurtar novamente depois. Já bufava de impaciência depois de tanto tempo caminhando no meio daquela gente quando finalmente viu lojas que mostravam roupas na vitrine. Suspirou, aliviada, esperando que Aloysius escolhesse uma.[ ~ ]

**Administrador** Dom 22 Jan 2012, 16:23

Parei diante de uma vitrine que vendia sobretudo, cartolas, e peças mais comuns... O letreiro pregado sobre a vitrine dizia "Lake & Palmer". Um negócio entre amigos, irmãos? Adentrei a loja, vazia exceto pelo homem atrás do balcão, que sorriu para mim e desejou-me boas vindas. Eu nunca vira tamanha educação vinda de um desconhecido! As roupas estavam vestidas em manequins colocados, cada um, sobre um suporte de madeira. Espalhados ao longo da loja. Apontei ao atendente do balcão, as peças que eu desejava. Ele tirou uma caixa da prateleira às suas costas e buscou pelas peças no quarto dos fundos. Encaixotou-as. Uma boina, um sobretudo e calças novas. Pagas as roupas, saí, carregando a caixa de médio porte nos braços. Placas indicavam que a estação de trem ficava na direção da torre do relógio. Retomamos o caminho por entre o glamour da avenida, que eu jamais sonhara em ver. Uma segunda vez na praça principal, as placas indicavam uma escadaria que descia aos pés da torre, e levava a um largo túnel por baixo da mesma. Nela, uma passagem iluminada por velas presas às paredes encaminhariam-nos à estação subterrânea do Expresso Lyrio. Rumamos.

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